Após a morte de meu pai, vítima de COVID19, passei a receber de um colega de trabalho muito querido, pelo celular, peças musicais gravadas por ele e pelo companheiro durante a pandemia. Acho que ele tinha intenção de me consolar (e consolou!). Mas, para além disso, a intenção de qualquer artista - acima de qualquer desejo de sucesso, dinheiro, fama - é o de compartilhar. O prazer de criar e, após concluída a obra, admirar o que se criou é um processo que se concluí no ato de compartilhar a arte. Fazemos isso desde criancinhas. Criamos, admiramos, compartilhamos.
Esse aspecto da criação - o desejo de compartilhar - é, como se vê, intríseco à arte. Afinal, o que seria da arte sem o reconhecimento? Dessa forma, entendo que a arte só faz sentido à três. Há que existir, claro, o artista e, no mínimo, dois apreciadores. Porque há que se apreciar e compartilhar. Coisa triste é ouvir uma composição, contemplar uma tela, ler um livro ou consumir qualquer tipo de arte e não poder dizer a ninguém.
Wassily Kandinsky, diz que a obra de arte nasce no artista de uma forma misteriosa e secreta e que, através dele, ganha vida e existência. Ele compara a criação artística ao ato de tocar piano (essa, também, uma arte): há o pianista (o artista), as teclas do piano (a matéria prima da criação por vir) e o piano em si (que Kandisky compara à alma na qual a arte reverbera e ganha existência e significado).
O apreço à arte e o desejo de compartilhá-la não é apenas, fundamentalmente, humano. É divino! Talvez a coisa mais divina no ser humano. Fomos criados para criar, embelezar e apreciar.
Talvez não seja coincidência o fato de termos sidos criados por uma Tríade Divina. Que nos criou, comtemplou e regozijou-se à três. Como deve ser.
Alessandro Alcantara de Mendonça
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